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Educadores - ETL

Educadores

Há filhos da carne e filhos do espírito – Filhos do discurso e filhos do exemplo.

Onde ficamos nós, que geramos uma sociedade inteira em constante transformação?

Qual é o nosso compromisso com cada indivíduo com quem nos relacionamos?

Qual é nosso papel na formação de homens e mulheres que passarão a conduzir segmentos dessa sociedade que tanto criticamos hoje?

Temos consciência clara de que aquilo que fazemos pesa, sendo um fator determinante dessa transformação?

Há uma geração de filhos em nossa instituição – por trás de cada aluno, muito além de cada cifra, há um sonho, uma vontade de chegar, de se superar, deixar para trás ou melhorar um modo de vida – realizar-se em todas as dimensões.

Às vezes, no cansaço da lida da vida, ficamos distantes dos outros e de seus anseios e ideais, esquecidos dos nossos próprios sonhos, motores e geradores da situação em que estamos hoje. De frente para o outro e, por vezes, indiferente à ilusão de quem ainda tem esperança, porque talvez nos tenhamos tornado um pouco cínicos frente à destruição de alguns ícones que admirávamos.

Mas o outro à nossa frente tem sonhos vibrantes; tem grandes expectativas. Ainda tem fé no que virá, ainda luta contra a distância, contra o custo, contra o sono, contra a fome, a falta de incentivo e quem sabe – sem família; desnutrido dos requisitos mínimos que tinha o direito de ter.

Sob nossa responsabilidade diária, há centenas de ideais, de histórias de lutas, de expectativas ingênuas e de desejos simples. Há confiança que depositam em nós, mesmo que inconscientemente. Talvez sejamos, para alguns, o último alento, a última oportunidade de ainda crer em alguém, de ter fé em convicções como o valor da honestidade, do amor ao conhecimento. A curiosidade satisfeita e prazerosa pela descoberta com o próprio esforço. O crescimento por mérito. Descobrir de forma pessoal que ter perseverança e garra vale à pena.

Temos que respirar a plenos pulmões, e queremos sobreviver e viver bem. Mas temos que manter à vista nossa responsabilidade de transformação do outro que confia em nosso conhecimento, em nosso discurso, em nosso exemplo, na honestidade de nosso trabalho, na transparência de nossas intenções, advertências e conselhos – e não temos o direito de decepcioná-lo.

Apesar de alguns de nossos próprios ideais restarem apenas como brasas entre as cinzas da superação de muitas situações difíceis ao longo do caminho, façamos desses resquícios uma nova força, e não sejamos omissos diante da nossa própria criação, fruto intelectual e espiritualmente gerado por nós, motor das transformações, das inovações de toda ordem, almejadas por todos.

Com muito orgulho, façamos por merecer o reconhecimento inerente à nossa profissão de educadores e honremos este espaço democrático onde nos é permitido o debate e, incentivado o exercício de nossos ideais humanistas, tão desgastados, porém fundamentais para a construção de um novo mundo, de uma sociedade melhor.

 

Profa. Maria Emilce V. Pastorello
Presidente da FPTE